Dificuldades de escuta
“O que fala semeia; o que escuta recolhe.”- Pitágoras
Saber escutar é uma arte. E, como muitas artes, requer investimento pessoal para ser desenvolvida e aperfeiçoada.
A escuta assertiva é fundamental para estabelecer relações interpessoais baseadas na confiança, demonstrando aos outros que são valorizados e respeitados.
Muitas pessoas constatam ter dificuldade em escutar ativamente os seus interlocutores, quer em situações profissionais, quer no âmbito da sua vida pessoal.
A existência de ruído prejudica a boa escuta
No canal de comunicação, o ruído é um elemento caracterizado por tudo aquilo que perturba a perfeita captação da mensagem, por exemplo:
- A existência de pré-conceitos ou pré-juízos relativamente ao emissor ou à mensagem;
- A credibilidade atribuída ao emissor;
- Experiências / quadros de referência diferentes;
- Interesses e/ou motivações díspares;
- Diferenças de interpretação dos conceitos utilizados, não afirmadas;
- Suposições, deduções e estereótipos, não explicitados;
- O estado físico-psicológico-emocional do recetor, gerando indisponibilidade e dispersão da atenção;
- A complexidade (tecnologização) dos canais de comunicação utilizados;
- Fatores ambientais adversos que provocam barulho, dificultando as condições de audição.
Existem sinais que podem revelar a insuficiência ou inexistência da escuta?
As falhas de escuta podem apresentar vários graus, sendo assim mais ou menos penalizadoras na relação interpessoal. Desde o virar costas e não olhar para a pessoa que nos fala, até à alteração do sentido e significado do que o emissor transmitiu, a relação com a outra pessoa pode ficar cortada ou apenas gerar uma dose de desentendimento que se restaura após clarificação mútua.
Quando não estamos a escutar completamente a outra pessoa, adotamos comportamentos que podem ser reveladores, quer para o nosso interlocutor, quer para nós próprios (neste caso, funcionam como “sinais de alerta” aos quais podemos estar mais atentos).
Já lhe aconteceu…
- Interromper a pessoa a meio de uma frase – será que já está a preparar a resposta que vai dar a seguir?, ou será que está impaciente para fazer algo que considera mais importante?
- Deturpar o que a outra pessoa disse e afirmar com veemência “Ouvi muito bem o que disse(ste)!”
- Escutar o início da frase e desligar a atenção a seguir, porque “já sabe o que a outra pessoa vai dizer! É sempre o mesmo!!!
- Ficar à espera do “primeiro deslize” para intervir e desvalorizar o que ouviu, porque “sabe mais do assunto do que ele(a)!”.
- Sorrir, ironicamente, mostrando menosprezo – estará a atribuir à outra pessoa incompetência para se pronunciar sobre o assunto?
- Continuar o seu trabalho, sem olhar para a pessoa e vai dizendo “Sim, sim”, Hã, hã!”, “Pois…!”
- Falar a maior parte do tempo e/ou alto demais, não dando oportunidade a que o(s) outro(s) se expresse(m).
- Tamborilar com os dedos, olhar o relógio, ou o telemóvel, de forma ostensiva e frequente, mostrando a impaciência que sente.
- Utilizar linguagem não-verbal explicitamente negativa, retirando a vontade ao outro de continuar a falar.
A postura assumida, a linguagem corporal e o tom de voz utilizados têm um forte impacto e podem ser barreiras à comunicação, alterando os objetivos do emissor da mensagem.