Formação - Como tudo se transformou
A Revista Human, ouviu responsáveis de alguns dos mais significativos ‘players’ de formação no nosso país.
O tema: os tempos que se seguiram ao início de março. A ideia com que se fica é a de uma enorme transformação.
Leia a entrevista na integra feita à Fátima Gonçalves, Head of Learning & Development Solutions e Digital Learning Coordinator na CEGOC e no final desta entrevista leia também o artigo que originou todo este debate.
1. O que mudou na formação nos últimos meses, isto falando em termos gerais?
A Cegoc tem histórico na realização de percursos formativos que integravam etapas à distância, contando nomeadamente com uma vasta biblioteca de ativos digitais e com centenas de horas em classes virtuais só nos últimos 3 anos. No entanto, este fenómeno pandémico impôs toda uma nova realidade de forma repentina com a impossibilidade de realizar qualquer evento presencial e a suspensão súbita de muitos projetos que já estavam em curso ou a iniciar-se. Foi, para nós, imperioso dar uma resposta a esta nova realidade analisando e procurando soluções para transformar o presencial em digital.
2. Como adaptaram a vossa atividade?
A passagem do presencial para o digital não poderia ser apenas fazer o que já fazíamos, com os mesmos conteúdos e as mesmas durações apenas numa plataforma diferente. Implicava transformação! Assim, reformulamos programas, percursos e formas de fazer. Estudámos plataformas e aplicações que nos permitissem diversificar a entrega e cumprir os objetivos. Providenciámos uma nova “formação de formadores” para que os nossos consultores desenvolvessem as suas competências nesta nova realidade da realização de sessões virtuais nas quais os timings e as formas de interação são marcados por outros sinais.
3. O contributo das novas tecnologias tem-se revelado decisivo?
O contributo das novas tecnologias foi, sem dúvida, decisivo para a concretização quer da nossa atividade, quer de muitas outras que, há uns meses, consideraríamos improvável. A utilização das tecnologias foi o que permitiu aproximar o que estava distante, ainda que numa nova forma de comunicar. No domínio da formação, a utilização das tecnologias trazia mais um desafio: saber como focar a atenção, o envolvimento e o comprometimento dos participantes para que os objetivos fossem alcançados, quando sabemos que a riqueza das interações habitualmente estabelecidas têm um papel fundamental neste processo.
4. Qual tem sido o impacto nas pessoas das organizações, ou seja, nos participantes nas ações de formação tendo em conta os novos formatos?
O balanço que fazemos é muito positivo, tendo em conta todo este processo de adaptação tão rápido por parte de formadores, organizações e participantes. Temos conseguido um impacto positivo com bons níveis de adesão, atenção e participação por parte dos nossos participantes, o que como sabemos, é uma preocupação constante para os formadores e que constitui também o principal constrangimento quando as pessoas estão ligadas num computador, por vezes sem câmara e a comunicação não verbal, bem como as expressões emocionais se tornam mais limitadas.
5. Esta nova realidade de formação muito associada às novas tecnologias como suporte pode estar para ficar?
“Queremos que tudo volte ao normal”. Esta é talvez uma das frases mais ouvida nos últimos meses. Contudo, este será certamente “um novo normal”. Ao longo destes meses, o teletrabalho e as reuniões à distância provaram a sua eficácia e ganharam terreno. De igual modo, na área da formação a descoberta de outras formas de fazer com alguns benefícios ficou patente neste período. Assim, acreditamos que, a par do presencial, tão almejado e importante pela proximidade do contacto humano e social, as vantagens da articulação com o digital é uma realidade comprovada e que permanecerá no domínio da formação.