2020 – Uma Odisseia na Terra

Maria João CeitilManaging Director FranklinCovey PT | Head of Integrated Solutions Cegoc

2020 – Uma Odisseia na Terra

Maria João CeitilManaging Director FranklinCovey PT | Head of Integrated Solutions Cegoc

 

Quais serão as tendências em gestão de pessoas para 2020, e nos próximos anos? Esta é uma questão que muito preocupa e ocupa a comunidade científica, na procura de identificar as melhores e mais eficazes práticas que as organizações devem implementar para melhor gerir, captar e reter os seus talentos e se tornarem organizações de sucesso. Mas por vezes, talvez até vezes demais, olhamos para as tendências de gestão, de marketing, de consumo, entre outras, com um olhar científico, ignorando, ou apenas descurando, os fenómenos sociais por detrás das tendências, arriscando a uma visão excessivamente simplista dos mecanismos que ditam as tendências que tanto procuramos conhecer.

 

As grandes questões que colocamos são: que sociedade temos hoje e que sociedade se está a construir e desenvolver para os próximos anos? O que as pessoas valorizam, que movimentos estão a ocorrer, quais os grandes temas e assuntos mobilizadores e o que isso nos pode dizer sobre as tendências de GRH?

Em termos sociopolíticos assistimos hoje a diversos movimentos, manifestações e debates em prol de minorias, sejam elas étnicas, de formas de estar e ser, de estilos de vida, de pensamento ou ideologias, lutando pelo direito ao diferente, pela inclusão e aceitação do “não habitual”. Vemos uma pressão para incorporar todas as diferenças, ao mesmo tempo que vemos uma inconformidade com as práticas mais tradicionais – a sociedade está a reclamar diversidade, inclusão, sem dúvida, mas acima de tudo proximidade, aceitação e a capacidade de nos adaptarmos ao outro, seja ele quem for.

 

Vemos também uma crescente reivindicação pela simplificação dos processos, o tornar as coisas de mais fácil acesso, à “distância de um clique”, o tomar decisões e sentir o impacto imediato, como se a espera fosse algo que já não é aceitável, num mundo moderno e digitalizado.

 

Mas, em simultâneo, assistimos também à crescente exigência pela privacidade e até, em alguns casos, à relutância em utilizar, por exemplo, redes sociais, que tanto impacto tinham há apenas 3, 4 anos atrás. Na televisão surgem cada vez mais programas de “experiências sociais”, dos mais diversos tipos, desde casamentos às cegas, trocas de esposas e maridos, experiências de sobrevivência e resistência a limites, entre outras, que parecem apontar para uma necessidade de explorar, aprofundar e viver cada vez mais as emoções, bem como aprender a fazer e a explorar, com e através dos outros (como defende o modelo 70:20:10).

Olhando paraestes fenómenos, e arriscando a induções de pouco caráter científico, será queestes acontecimentos não serão mesmo o reflexo (ou a causa?) daquilo que hojeconsideramos como as grandes tendências na gestão de pessoas – a necessidade depersonalizar as experiências, de ser flexível e adaptável, de promover a diversidadee inclusão, de simplificar, agilizar e digitalizar, e, acima de tudo, explorara verdadeira essência e plenitude do ser humano, as suas emoções?

Será que vamos viver em 2020, e nos próximos anos, uma verdadeira Odisseia na Terra, onde todos é igual a cada um, onde o digital serve apenas para facilitar e simplificar, e onde iremos assistir a inúmeras “experiências sociais” de troca de talentos, desafios extremos ou, quiçá, “recrutamentos à primeira vista”?

 

*Este artigo foi publicado originalmente na RH Magazine.

Escrito por

Maria João Ceitil

Detentora de uma vasta experiência como Consultora e Formadora nos domínios de Gestão de Recursos Humanos, Gestão da Performance Organizacional e Executive Coach.

Ao nível da formação superior, possui um Mestrado Integrado em Psicologia Clínica pelo Instituto Superior de Psicologia Aplicada (ISPA), um Mestrado em Gestão do Potencial Humano pelo Instituto Superior de Gestão (ISEG) e uma Pós-Graduação em Gestão dos Recursos Humanos, na Perspectiva da Gestão com as Pessoas, pela Universidade Lusófona.

Possui também diversas certificações e formações, nomeadamente a Certificação em Executive Coaching pela Escola Europeia de Coaching de Lisboa, a certificação em Dynamic Coaching pela Go4 Consulting e a Formação Pedagógica Inicial de Formadores pela CEGOC.

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As grandes questões que colocamos são: que sociedade temos hoje e que sociedade se está a construir e desenvolver para os próximos anos? O que as pessoas valorizam, que movimentos estão a ocorrer, quais os grandes temas e assuntos mobilizadores e o que isso nos pode dizer sobre as tendências de GRH?

Em termos sociopolíticos assistimos hoje a diversos movimentos, manifestações e debates em prol de minorias, sejam elas étnicas, de formas de estar e ser, de estilos de vida, de pensamento ou ideologias, lutando pelo direito ao diferente, pela inclusão e aceitação do “não habitual”. Vemos uma pressão para incorporar todas as diferenças, ao mesmo tempo que vemos uma inconformidade com as práticas mais tradicionais – a sociedade está a reclamar diversidade, inclusão, sem dúvida, mas acima de tudo proximidade, aceitação e a capacidade de nos adaptarmos ao outro, seja ele quem for.

 

Vemos também uma crescente reivindicação pela simplificação dos processos, o tornar as coisas de mais fácil acesso, à “distância de um clique”, o tomar decisões e sentir o impacto imediato, como se a espera fosse algo que já não é aceitável, num mundo moderno e digitalizado.

 

Mas, em simultâneo, assistimos também à crescente exigência pela privacidade e até, em alguns casos, à relutância em utilizar, por exemplo, redes sociais, que tanto impacto tinham há apenas 3, 4 anos atrás. Na televisão surgem cada vez mais programas de “experiências sociais”, dos mais diversos tipos, desde casamentos às cegas, trocas de esposas e maridos, experiências de sobrevivência e resistência a limites, entre outras, que parecem apontar para uma necessidade de explorar, aprofundar e viver cada vez mais as emoções, bem como aprender a fazer e a explorar, com e através dos outros (como defende o modelo 70:20:10).

Olhando paraestes fenómenos, e arriscando a induções de pouco caráter científico, será queestes acontecimentos não serão mesmo o reflexo (ou a causa?) daquilo que hojeconsideramos como as grandes tendências na gestão de pessoas – a necessidade depersonalizar as experiências, de ser flexível e adaptável, de promover a diversidadee inclusão, de simplificar, agilizar e digitalizar, e, acima de tudo, explorara verdadeira essência e plenitude do ser humano, as suas emoções?

Será que vamos viver em 2020, e nos próximos anos, uma verdadeira Odisseia na Terra, onde todos é igual a cada um, onde o digital serve apenas para facilitar e simplificar, e onde iremos assistir a inúmeras “experiências sociais” de troca de talentos, desafios extremos ou, quiçá, “recrutamentos à primeira vista”?

 

*Este artigo foi publicado originalmente na RH Magazine.

Escrito por

Maria João Ceitil

Detentora de uma vasta experiência como Consultora e Formadora nos domínios de Gestão de Recursos Humanos, Gestão da Performance Organizacional e Executive Coach.

Ao nível da formação superior, possui um Mestrado Integrado em Psicologia Clínica pelo Instituto Superior de Psicologia Aplicada (ISPA), um Mestrado em Gestão do Potencial Humano pelo Instituto Superior de Gestão (ISEG) e uma Pós-Graduação em Gestão dos Recursos Humanos, na Perspectiva da Gestão com as Pessoas, pela Universidade Lusófona.

Possui também diversas certificações e formações, nomeadamente a Certificação em Executive Coaching pela Escola Europeia de Coaching de Lisboa, a certificação em Dynamic Coaching pela Go4 Consulting e a Formação Pedagógica Inicial de Formadores pela CEGOC.

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