4 pilares da comunicação não-violenta na liderança

Veronica AhrensSócia - Diretora da Crescimentum

Dentro de todas as competências mais relevantes para uma gestão centrada nas pessoas, a Comunicação Não-Violenta entra como uma das mais esperadas para as lideranças do futuro.

Pode parecer-lhe um lugar-comum, mas lembre-se quantas vezes não deixou, em algum momento, as emoções “falar mais alto”! Tal comprometeu, com toda a certeza, a mensagem que queria passar, certo?

Neste artigo saberá como aplicar a Comunicação Não-Violenta no seu quotidiano e de que forma substituir antigos padrões para que a sua liderança seja mais empática e flexível.

O que é a Comunicação Não-Violenta?

A linguagem e o uso das palavras têm um grande poder nos nossos relacionamentos: podem-nos levar à empatia e compreensão ou, então, ao conflito e desentendimento.

Mas quando aplicamos a Comunicação Não-Violenta (também informal e abreviadamente conhecida por CNV), temos a oportunidade de fortalecer vínculos e perceber o impacto das nossas ações nas pessoas que nos rodeiam.

A CNV ensina-nos a sair do “piloto automático” e a comunicarmos de forma mais consciente, considerando o que estamos a observar, sentir e necessitar naquele contexto.

Já parou para pensar nisto: quantas vezes julgamos, criticamos e rotulamos as outras pessoas no nosso dia a dia?

Essas atitudes fazem-nos criar um mundo no qual a nossa perspetiva está sempre certa e a do outro errada. E, pior. isso determina que o medo, a vergonha ou a culpa estejam presentes no processo de comunicação.

Consequentemente, a violência passiva surge e a autoestima, o sentido de pertença e o desejo genuíno de contribuir para a organização são afetados.

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E qual é o papel da liderança neste processo?

A ideia de uma liderança alicerçada no comando e controlo, agressiva e rígida está ultrapassada.

Agora, as organizações que desejam inovar e ter lideranças inspiradoras estão a ajustar-se a uma nova realidade e a criar um novo conceito de liderança.

Recentemente, li um artigo da Você RH sobre uma sondagem que selecionou o top 10 das competências mais importantes para a liderança e identificou a comunicação como a MAIS DESEJADA para as organizações em 2023. Interessante, não é?

Por isso, saiba que a Comunicação Não-Violenta faz parte da construção de uma nova forma de liderar. Afinal, além de trazer inúmeras vantagens para a empresa, também apoia na construção de um espaço onde as pessoas podem expressar as suas ideias e para o qual contribuem.

Sei que nem sempre damos atenção à forma como comunicamos, mas tenha a noção que essa realidade não mudará de repente.

Costumo dizer que o primeiro passo para uma nova liderança é o autoconhecimento: olhar para si e compreender como são construídas as relações com as pessoas à sua volta.

Agora que já sabe o que é e quais são as vantagens da Comunicação Não-Violenta, este é o momento de conhecer os seus pilares.

4 pilares da Comunicação Não-Violenta na liderança

Ter ligação emocional, criar empatia e estabelecer um clima de confiança mútua são atributos que fazem parte da Comunicação Não-Violenta.

Quantas vezes a sua linguagem gerou conflitos, mesmo quando não havia a intenção de ser agressiva? A CNV ajuda-nos a ter uma comunicação mais efetiva, levando em conta a empatia e o respeito, além de influenciar e inspirar outras pessoas a agirem da mesma forma.

Existem 4 pilares fundamentais para que a Comunicação Não-Violenta faça parte da liderança, que são:

1 - Observar sem julgamentos

O primeiro pilar da comunicação não-violenta tem a ver com a maneira como olhamos e escolhemos descrever as outras pessoas.

Este pilar ajuda-nos a entender a importância de descrever com o máximo de riqueza possível o que estamos a captar através dos nossos sentidos, deixando de lado o julgamento ou rótulo, que reduz a outra pessoa numa única característica fixa.

Assim, é possível separar a observação da avaliação, visto que quando colocamos as pessoas em “gavetas”, elas tendem a perceber isso como crítica e a tornar-se resistentes ao que é dito.

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2 - Identificar sentimentos

No segundo pilar, o convite é para expressarmos o que estamos a sentir diante do que está a acontecer.

Já se deu conta de como falamos pouco das nossas emoções e sentimentos no trabalho? Esse é um grande erro, já que os nossos sentimentos não ficam do lado de fora quando entramos na empresa!

Identificar o que sentimos não significa destacar o que a pessoa está a provocar em mim. Na verdade, significa assumir a responsabilidade sobre os nossos sentimentos.

Sei que muitas vezes temos dificuldade em expressar o que sentimos, mas tenha a certeza de que, como liderança e ser humano, é essencial explorar mais o nosso mundo interior.

3 - Reconhecer necessidades

Todas as nossas atitudes são baseadas em fortes motivações. Quais são as necessidades que estão por trás dos seus sentimentos e comportamentos?

Tudo o que sentimos representa alguma necessidade: confiança, atenção, colaboração, compreensão, etc.. Por isso, é essencial que identifique as suas próprias necessidades e reconheça o que é que precisam as pessoas que estão ao seu redor.

Entendo que esse pilar possa ser desafiador, já que em toda a experiência ensinaram-nos a negar as nossas próprias necessidades para atender às dos outros.

Só que é preciso ter atenção, pois identificar o que precisamos ajuda-nos a entender como os nossos sentimentos nos afetam.

4 - Fazer pedidos claros

Depois de entender os seus sentimentos e as pessoas à sua volta, chegou o tempo de comunicar com clareza que necessidades quer que sejam atendidas. Saiba que isso é o que falta para aplicar a Comunicação Não-Violenta na sua liderança.

Esse último pilar ajuda-nos a trocar uma ordem por um pedido positivo, sem fazer com que pareça uma exigência. Dessa forma, a pessoa com quem está a comunicar terá a liberdade para escolher e questionar, caso seja necessário.

Como potencializar ainda mais a comunicação?

A Comunicação Não-Violenta caminha lado a lado com a comunicação assertiva e com a inteligência emocional.

E para que essa comunicação também esteja conetada à liderança, precisamos de aprender a expressar a nossa vulnerabilidade diante das pessoas. Assim, conseguiremos resgatar o nosso humanismo, reconhecer que somos seres cheios de falhas e, consequentemente, não criarmos uma relação violenta com nós mesmos.

Na Cegoc sabemos que o mundo mudou e continua a mudar. E é justamente por isso que construímos uma formação intensiva para lideranças que, além de abordar diversos temas, também ajuda a alavancar a comunicação e construir relações mais saudáveis. Se quiser conhecer o nosso “Leader of the Future” clique aqui.

Escrito por

Veronica Ahrens

  • Mais de 10 anos de experiência em Gestão Empresarial e Desenvolvimento Humano e Organizacional, focado em maximizar o rendimento de indivíduos e equipas.
  • Responsável por projetos de Formação e Desenvolvimento com metodologias e conteúdos alinhados à estratégia empresarial, implementando medições da eficácia da aprendizagem.
  • Criação e entrega de Projetos de Desenvolvimento Humano e Organizacional como consultor em multinacionais, incluindo Volkswagen e Coca-Cola Co.
  • Gestão do planeamento estratégico da área de desenvolvimento humano organizacional, recrutamento, seleção, formação, avaliação de desempenho e comunicações corporativas.
  • Facilitação de processos de Coaching individual e de equipas, Team Building e formação presencial, revisão da estrutura organizacional e construção de modelos de competência.
  • Atuação forte no Desenvolvimento de Liderança, Gestão de Talentos, análise de desempenho e facilitação de grupos focais em Inquérito de Clima Organizacional.
  • Formação de Parceiros de Negócio focada em Gestão de Desempenho e facilitador da Metodologia 6Ds.
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