O impacto da Inteligência Artificial (IA) na forma como trabalhamos

Pedro PessoaManager of People & Culture Consulting na Cegoc

O impacto da Inteligência Artificial (IA) na forma como trabalhamos é indiscutível, no entanto, mais de 70% das Direções de Recursos Humanos (DRH) em Portugal ainda não incorporaram a IA nas suas práticas, nem prepararam os colaboradores para esta grande transformação.

Os dados resultam do estudo "Radioscopia aos departamentos de RH" publicado em junho pelo Grupo Cegos. O estudo contou com a participação de mais de 5600 profissionais, entre os quais 554 DRH e Gestores de Recursos Humanos em 9 países, e oferece uma visão detalhada sobre o atual estado e tendências emergentes nos Recursos Humanos (RH) em 9 países, incluindo Portugal.

A IA tem revolucionado inúmeros setores, automatizando tarefas repetitivas, melhorando a tomada de decisão com base em big data analytics e criando oportunidades de emprego que exigem competências tecnológicas avançadas. No entanto, a aplicação desta tecnologia no campo dos Recursos Humanos (RH) ainda não é global. Se por um lado 58% dos DRH no Brasil afirmam que já ter começado a integrar a IA nas suas práticas de RH, apenas 22% dos DRH em Portugal afirmam o mesmo. Na realidade, e de acordo com a amostra, 44% dos DRH portugueses afirmam não ter planos para integrar a IA nas suas práticas de RH.

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Será que Portugal está a sofrer a metamorfose de Early Adopters para Laggards? É difícil comprometer-me com uma resposta tão prematura, mas acredito existir um conjunto de variáveis que possam influenciar esta aparente inércia:

  • Imagine que todos os dados pessoais dos trabalhadores da empresa ficavam disponíveis na internet.
    Desde cedo que Portugal se afirmou como um early adopter em Tecnologias de Informação, no entanto, nunca uma nova tecnologia levantou tantas preocupações com a privacidade e a segurança dos dados. Este tema tem encontrado maior relevância com a valorização e consciencialização de práticas associadas à Privacidade e Proteção de Dados, especialmente na Europa.
  • Upskilling e Reskilling são práticas instituídas pela maioria das DRH para promover o desenvolvimento e adaptação dos colaboradores às atuais formas de trabalhar. No entanto, quando nos focamos na utilização e domínio de ferramentas tecnológicas e digitais constatamos que as necessidades ainda se referem a formação em folhas de cálculo (ex. Microsoft Excel) ou ferramentas de comunicação digital (ex. Microsoft Teams).
    A transformação digital acontece a uma velocidade mais rápida do que a capacidade para o ser humano assimilar e a torná-la um hábito ou prática corrente e dominante. É natural que muitos profissionais de RH se sintam despreparados para liderar esta transformação tecnológica, levando a uma desvalorização do impacto da mesma ou à ausência da definição de uma estratégia clara.
  • Imagine que a ferramenta de IA que está a utilizar para pré-selecionar candidatos de uma base de dados apenas apresenta candidatos de determinada faixa etária e de origem europeia?
    Temos assistido a inúmeros debates e artigos em redor do argumento que a IA contribui para uma tomada de decisão informada. O contra-argumento questiona a transparência dos dados destacando a relevância de, por exemplo, distinguir o que é produzido por algoritmos e o que é resultado do trabalho humano.

Preparar as pessoas para a transformação que a IA traz, desafia os DRH a assumirem uma abordagem proativa e integradora que facilite a distinção critica entre o “mito urbano” e o “risco real”. Isto é atingível através de programas de formação contínua que desenvolva os conhecimentos e as aptidões das pessoas para trabalhar com tecnologias de IA. Afigura-se fulcral promover uma cultura de inovação, onde os colaboradores se sintam apoiados e incentivados a adotar novas ferramentas e metodologias de trabalho.

Ao capacitar a força de trabalho e incorporar a IA nas práticas de RH, as empresas não só melhoram a eficiência operacional, mas também potenciam uma vantagem estratégica face ao Mercado, permitindo que as suas equipas se debrucem com maior qualidade sobre temáticas mais complexas. A Cegoc pode apoiar as organizações no planeamento e implementação progressiva da IA em práticas de trabalho, como Onboarding, R&S, Formação, Data Analytics, e Gestão e Desenvolvimento de Talento.

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Escrito por

Pedro Pessoa

Licenciado em Psicologia Social e das Organizações pelo ISCTE-IUL, Pós-graduado em Gestão de Projetos pela Universidade EuropeiaCertificado em Korn Ferry 360º e Leadership Styles & Organizational Climate; Predictive Index Leadership & Management; SHL OPQ32 & SHL OTÉ Manager da prática de People & Culture Consulting da CEGOC. Com mais de 15 anos de experiência em GRH, integrou o Departamento de RH de várias empresas tendo se especializado em gestão estratégica e desenvolvimento de RH tanto a nível nacional como internacional (Angola, Brasil, China, França, Suíça e Luxemburgo).
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