Chat GPT: a liderança e eu

Elsa GuilhermeChange & Transformation Cegoc

Todos sabemos a importância de ter bons líderes, em quem as pessoas se reconhecem, que sejam inspiradores, que deem rumo às equipas e às organizações.

Se esse facto é inegável, também é verdade que é algo que se aprende e que se pode desenvolver. A capacidade de definir metas, de definir uma visão para a equipa e reunir as pessoas em torno dela é algo que o líder terá de rapidamente assegurar. Este poderá ser o ponto de partida para quem começa o seu percurso de liderança e precisa de se integrar na equipa e ocupar o seu lugar.

Muitas vezes sabemos que o tempo de preparação de uma chefia é praticamente nulo e o investimento em formação previamente a assumir um cargo é também reduzido. Quando se apercebe, o colaborador é nomeado e… tem de rapidamente conduzir a equipa. Algumas organizações possuem planos de sucessão, de desenvolvimento, pools de talento, para que estes novos líderes estejam preparados, no momento em que passam a enquadrar uma equipa e a responder por pessoas e por objetivos. No entanto, a preparação não é a realidade, o “saber” não é necessariamente o “ser” e algumas recém-chefias sentem este momento como o mais desafiante das suas carreiras.

Numa realidade onde constantemente falamos de inteligência artificial como uma das grandes inovações do nosso tempo, será que a pode ajudar-nos IA a ser... líderes?

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Noutras circunstâncias, teríamos alguma resistência a fazê-lo, no âmbito de um artigo. O espetro ainda é de nos sentirmos a “fazer batota” ao recorrer à Inteligência Artificial, de usar uma fonte de informação para nos substituir, mas… neste caso, queremos mesmo perceber como pode ocorrer esta relação de apoio e, por isso…fomos perguntar ao CHAT GPT! Efetivamente, a questão é: como é que a Inteligência Artificial nos pode ajudar a melhorar a competência de Liderança?

E o que é que o Chat GPT respondeu?

Conhece-te

“Começa por desenvolver autoconhecimento, refletindo sobre os teus pontos fortes e áreas a melhorar.”

Não poderíamos estar mais em acordo. Todo o percurso tem de começar com a capacidade de autoconhecimento, de plena consciência de que o que temos como base é a que nos facilitará o caminho como líderes, para sermos aceites e reconhecidos pelos outros. Algumas questões poderosas têm de ter resposta: como comunico habitualmente? Quais os canais de comunicação em que me sinto mais à vontade? (reuniões individuais, telefone, email?) Como atuo sob stress? O que espero da equipa? Como reajo a um erro? Estarei preparado(a) para pedir ajuda? Para dar feedback? Como planeio? Como vou conhecer bem as minhas pessoas?

Só podemos melhorar o que conhecemos: esta pode ser uma frase que expressa o ponto de partida necessário a qualquer pessoa que começa o seu processo de crescimento como líder.

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Conhece a equipa

O 2º conselho do Chat GPT foi: “Amanhã, foca-te em ouvir mais do que falar, compreendendo profundamente as necessidades e preocupações da tua equipa.”

O conselho é ótimo. A tentação de uma chefia em provar que é merecedor de reconhecimento pode fazê-lo assumir um papel demasiado interventivo na equipa, substituindo-se às pessoas. Tal pode passar à equipa uma imagem que não confia nas pessoas, que não está disposto a conhecer primeiro a sua capacidade, a sua maturidade, a possibilidade de lhes dar autonomia, pondo tudo a perder no estádio inicial da relação. “Dizer e não ouvir” não pode ser o traço dominante de um líder e tal será mais problemático se a equipa já estiver consolidada a nível de experiência e tempo de desempenho e o novo elemento seja o Líder.

O conselho do Chat GPT é sábio: o foco na equipa trará ao líder o conhecimento necessário para conhecer as pessoas: o que mais sabem, mais apreciam, como desejam ser tratadas, que expetativas têm. Um líder que se preocupa em adaptar-se, desde o início, à equipa, será um líder mais próximo da eficácia, da aceitação e do reconhecimento da equipa.

Gere as emoções e a empatia

E por fim: “Cultiva a inteligência emocional, gerindo bem as emoções e comunicando com empatia. “

Curiosamente, o Chat GPT não sugere um plano de definição de objetivos, de formação técnica ou de preocupação em organizar a equipa. A recomendação vai para as habilidades puramente humanas: a gestão das emoções, a empatia. Essas são ações eleitas como críticas pelo Chat.

Como consultores da área comportamental, não podíamos estar mais em acordo. Por experiência, sabemos que é fácil ensinar, proporcionar competência técnica. A dificuldade está em conquistar o desejo do colaborador em ir além, em pretender desafios, em realizar-se na sua função, em assumir responsabilidade, em inovar. Em anos de experiência, escutámos vários líderes a revelar a sua dificuldade em abordar pessoas “difíceis”, a celebrar a “recuperação de casos perdidos”, de pessoas cuja motivação já não contavam. Aparentemente, o que ainda alguns de nós estão a descobrir sobre a Inteligência artificial: que a emoção faz toda a diferença, que a empatia é chave de sucesso e que os colaboradores não só contam com esses comportamentos como começam a não tolerar a sua ausência.

Neste diálogo para que convidámos o Chat GPT, colocando-lhe estes desafios (como me posso tornar líder? E como posso contar com a inteligência artificial?), as respostas foram muito interessantes.

Percebemos que a Inteligência Artificial pode fornecer-nos informações para tomar decisões, dar-nos padrões de desempenho, testemunhos sobre outros líderes, criar-nos cenários complexos que nos testem, com foco em análise de dados e automação, mas inteligentemente, nesta viagem de melhoria das capacidades de liderança, a IA propõe-se a ajudar-nos a… sermos mais humanos!

Chatbots e outras ferramentas podem ser nossos aliados, ajudando-nos a complementar competências humanas, ajudando-nos a tomar melhores decisões. Porém, a liderança requer intuição, ética, uma compreensão profunda das emoções humanas, com empatia, competências que serão difíceis para a IA replicar e o Chat GPT parece demonstrar consciência disso. Esse pode não ser (pelo menos por agora) o papel da IA, mas o da colaboração, de uma espécie de coaching robotizado, apoiado em desafios, cenários de decisão e feedback.

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Ainda assim, não será em todos os processos nem com todas as pessoas. O Chat GPT oferece-se para criar casos, dar-nos feedback, ajudar-nos a perceber os nossos pontos fortes e a melhorar. No entanto, penso que ainda continuaremos a contar, por exemplo, com processos de Mentoring de “mentores de carne e osso”, porque o fator “experienciou isto”, a possibilidade de relatar na primeira pessoa continuará a ter mais valor para algumas pessoas.

Em formação, por vezes escutamos a objeção “ah, mas isto na minha realidade não é assim”, o que se assemelha a esta predileção pela experiência, pela vivência, ao invés da teoria. Os humanos precisam de se identificar, de sentir cumplicidade, sentir que quem os escuta compreende porque já viveu algo de semelhante e esse pode ainda ser o fator que nos afasta da Inteligência Artificial ao serviço do desenvolvimento de líderes.

“Talvez a IA seja mais uma ferramenta do que uma professora no sentido estrito.”

Sem dúvida, Chat GPT!

E numa realidade de mudança constante, outro desafio aos novos líderes poderá emergir: não apenas gerir as diferenças geracionais, mas, quem sabe, os líderes do futuro terem de gerir pessoas e IA… conjugando vontade, justiça, autonomia, desenvolvimento para todos…

Vivemos tempos fascinantes, também na liderança! O que achas, Chat GPT? (por favor, responde-me numa linha).

“Certamente! A liderança hoje é moldada por inovação tecnológica, empatia e adaptabilidade, tornando este um momento único e fascinante para liderar!”

Escrito por

Elsa Guilherme

Licenciada em Ciências da Comunicação pela FCSH. Desempenha a função de Senior Manager na área de Change and Transformation da Neves de Almeida | HR Consulting. / CEGOC.

Assume a construção e dinamização de projetos de Consultoria de Recursos Humanos, em diversas áreas, assegurando a arquitetura de produtos e soluções à medida, ao nível digital, presencial e de ações de comunicação organizacional. É formadora especialista em diversas áreas como Gestão de Equipas, Liderança, Gestão da Mudança, Atendimento e Negociação Comercial.

Focada em aprender, mudar e melhorar constantemente. É apaixonada por escrever.

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