Engagement: nice-to-have ou must-have?

João Braz PereiraHead of Knowledge and Talent Management

A formulação de engagement da FranklinCovey encerra em si uma aspiração daqueles que entram e se movimentam no mercado de trabalho, na medida em que as pessoas procuram oportunidades e tomam decisões que lhes permitam crescer e estar numa posição em que possam afirmar: “Sinto-me um elemento valorizado, de uma equipa vencedora, a fazer um trabalho com significado, num ambiente de confiança”.

Num contexto em que a captação e retenção de talento são os fatores que podem determinar a capacidade de explorar oportunidades proporcionadas pelo mercado e de crescer de forma sustentada, é crítico criar as condições para que todos os colaboradores possam manifestar níveis de engagement que superem a obediência ou cumprimento indiferente da função, e se aproximem do nível de entusiasmo criativo. Na era da informação, cumprir ou obedecer não é suficiente para prevalecer. É necessário criar as condições para que cada um possa superar-se.

São muitos os fatores que podem condicionar o engagement mas a relação que se estabelece entre cada colaborador e a sua chefia direta é um elemento central da equação, que pode determinar que o talento decida ir procurar um espaço de realização na concorrência ou noutra organização qualquer, ou pelo contrário decida fazer parte, comprometer-me de forma sincera e dar melhor de si por uma equipa e um propósito organizacional.

Deste modo, a captação e retenção de talento é em grande medida uma responsabilidade de todos aqueles que têm funções de liderança e a responsabilidade de criar um espaço de segurança, crescimento e de realização profissional e pessoal onde faça todo o sentido pertencer e prevalecer.

O facto da definição de engagement da FranklinCovey ser formulada na primeira pessoa e do primeiro dos 4 elementos que dão corpo à definição ser “sinto-me um elemento valorizado”, enquadram o primeiro princípio da liderança: compreender que cada pessoa aspira a dar o seu contributo pessoal de forma a ser vista e valorizada.

Cabe ao líder a responsabilidade de conhecer cada colaborador, compreender quais as suas aspirações e motivações, identificar o que tem de único e específico, o que faz muito bem, com gosto e de forma voluntária, e criar o espaço de confiança e realização para que cada colaborador, mais do que cumprir a sua função, possa dar o seu contributo.

Gestão da Performance e do Engagement
Usar as ferramentas de gestão de desempenho para promover resultados de negócio e o engagement das pessoas

Explorar a individualidade, identificar o talento e multiplicar as capacidades

Neste quadro, importa dotar aqueles que assumem funções de liderança com os modelos e as ferramentas que lhes permitam explorar a individualidade, identificar o talento e multiplicar as capacidades e competências das suas equipas, através de 4 práticas de liderança:

  • Fazer perguntas que potenciem a responsabilidade, criatividade e inovação;
  • Procurar o talento de cada colaborador e criar condições para o colocar ao serviço da equipa e da organização;
  • Dar o tempo e espaço às equipas para que possam pensar, encontrar soluções e inovar na ação;
  • Lançar desafios que permitam às equipas superar-se e ir além do que pensavam ser capazes de fazer.

Ser competente e consistente na operacionalização destas práticas determina a capacidade de atrair e reter o talento e de ser perspetivado como um espaço de crescimento e de multiplicação de capacidade, talento e oportunidades. Faz sentido adiar?

 *Este artigo foi publicado originalmente na revista Human Resources.

Escrito por

João Braz Pereira

Do seu percurso profissional fazem parte a criação da Luanda Business School e experiências de consultoria, gestão e formação em contexto público e associativo na ANJE, AEP, Eurisko, Porto Vivo – Sociedade de Reabilitação Urbana do Porto; de gestão e administração no setor IT; de ensino superior e pós-graduado na ESAD e uma vasta experiência na área comercial e de desenvolvimento de RH: XEROX, Setor Imobiliário, Galileu, Dale Carnegie.É licenciado em Economia pela Faculdade de Economia da Universidade do Porto (FEP) e pós-graduado em Real State Management pela mesma instituição.
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