A mais-valia do Design Thinking

Alina OliveiraConsultora, Formadora e Coach

O design thinking pode ser uma das formas de alavancar negócio de forma mais intuitiva e inspiradora, contribuindo para a melhoria da “interface” entre o produto, processo ou serviço, e o ser humano, enquanto modelo de pensamento criativo e acelerador de inovação.

Romper com a forma tradicional de fazer as coisas, principalmente numa instituição ou empresa, não é fácil. Requer esforço e mente aberta para aceitar a mudança como algo bom e vantajoso. Da implementação à prática, o processo nem sempre é linear ou tão liberal na forma de atuação como muitas vezes gostaríamos, principalmente se estiver ligado a métodos analíticos e/ou científicos de fazer as coisas.  Mas e se lhe disser que há formas de soltar essas “amarras” sem prejudicar o negócio e ainda lhe alavancar valor? Duvida? Então é porque, certamente, ainda não está familiarizado com o conceito design thinking.

O conceito

Tal como o nome indica - e de uma forma muito literal - design thinking deriva do método de pensamento utilizado pelo designer, da forma como o mesmo é treinado para encontrar respostas para outras áreas para além do design, recorrendo, habitualmente, à forma visual de abordar as questões e encontrar respostas para os problemas.

O Design Thinking (DT) é uma abordagem que permite explorar de forma aberta e participativa, no entanto estruturada e bem enquadrada, o potencial humano, para encontrar oportunidades, resolver problemas, superar desafios e/ou explorar soluções válidas e singulares.

Acelerador de inovação

Atualmente, cada vez mais empresas e organizações já perceberam que podem alavancar negócio de forma mais intuitiva e inspiradora, inovando na forma que, até então, se acreditava ser a mais correta ou tradicional. A gestão de uma empresa não tem de ser sempre metódica, rigorosa e precisa, pode ter derivações e o design thinking pode ser uma delas, contribuindo para a melhoria da “interface” entre o produto, processo ou serviço, e o ser humano, enquanto modelo de pensamento criativo e acelerador de inovação.

Segundo Peter Coughlan, um dos gurus nesta matéria em entrevista ao Dinheiro Vivo, o design thinking é como “Uma terceira forma de pensar. Tem disciplina, mas ao mesmo tempo, liberdade artística”. Para que isso aconteça é necessário ter o foco nas pessoas e aferir as suas necessidades. Por outras palavras, requer a observação dos comportamentos humanos.

Tim Brown, um dos fundadores da consultora de inovação norte-americana IDEO, onde Peter Coughlan também trabalhou, reforça ainda, sobre o design thinking, as habilidades dos designers na utilização da intuição e no reconhecimento de padrões, na construção de ideias com significado emocional e funcional, expressando-se através de palavras ou símbolos, assim como na capacidade de trabalhar de forma interdisciplinar, ou seja, misturando valências de várias disciplinas em detrimento da forma multidisciplinar, onde cada indivíduo defende a sua própria especialidade.

Explicado em metáforas

Tendo em conta a natureza interdisciplinar e difusa do conceito, o DT pode ser explicado em 5 metáforas:

  1. Lógica – envolve o pensamento analítico e intuitivo de forma a avaliar situações problemáticas e a encontrar soluções que o método científico não consegue resolver;
  2. Sistema - envolve três constrangimentos em simultâneo: a desejabilidade humana, a possibilidade técnica e a viabilidade económica. É a harmonia entre estes três constrangimentos, além do permanente constrangimento temporal, que distingue o verdadeiro desenho de excelência;
  3. Processo - envolve inspiração, ideação e implementação. Sendo que a inspiração pode pressupor investigação histórica, etnográfica e fenomenológica. A ideação pode incluir brainstorming, prototipagem, bodystorming, storyboarding. E a implementação tenta refinar o custo, a produção, o controle de qualidade e a manutenção daquilo que é inventado;
  4. Inovação - é centrado no ser humano e permite às organizações gerirem um portfólio de vários tipos de projetos;
  5. Organização – Requer compromisso por parte da gestão de topo e a criação de novas valências e metodologias que visam um bem comum, um espírito de equipa e o sucesso da organização.
Design Thinking para a inovação na empresa
A criatividade sistematizada como catalisador de inovação e da transformação do capital humano das organizações

Todas as ideias são boas ideias!

À semelhança do processo de brainstorming, onde todas as ideias são válidas, mesmo as que nos pareçam mais díspares, também no design thinking o processo interativo, iterativo e não linear leva-nos a experimentar diversos caminhos e alternativas. Mesmo que se erre, todo o processo é positivo, porque o erro leva à prática, o que em última instância leva à possibilidade de evoluir e de criar novas oportunidades que ainda não haviam sido identificadas.

Aqui, todas as ideias são válidas e evitar julgamentos de valor constitui a chave do sucesso de todo o processo. Acompanhando as necessidades – quer das empresas como das pessoas – consegue-se abrir caminho e inovar em prol do sucesso das organizações e dos elementos que as constituem.

Escrito por

Alina Oliveira

Autora do livro “ Resiliência para Principiantes” – ed. Sílabo, 2010.Sou formadora e consultora nas áreas da gestão e liderança de equipas, resiliência, comunicação e gestão de conflitos, gestão do tempo, resolução de problemas, relações cliente/fornecedor.Um dos temas que mais me apaixona é a Resiliência, o que me levou a escrever um livro sobre essa temática: “Resiliência para Principiantes”.
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