Resiliência – para que serve?
Resiliência define-se como a capacidade que uma pessoa tem para lidar com os problemas com que se depara, adaptar-se às mudanças no ambiente e resistir à pressão perante situações adversas. Vejamos com maior detalhe este tema...
Todo o indivíduo é, com maior ou menor frequência, confrontado com situações imprevistas que exigem uma capacidade apurada para lidar com obstáculos e superar dificuldades. É-lhe requerida uma forma de recuperar o equilíbrio na instabilidade e impor de novo a ordem.
Resiliência
Luis Rojas Marcos refere que a resiliência nos seres humanos é “um atributo natural e universal de sobrevivência composto por ingredientes biológicos, psicológicos e sociais.”
A resiliência é, em suma, a capacidade que uma pessoa tem para lidar com os problemas com que se depara, adaptar-se às mudanças no ambiente e resistir à pressão perante situações adversas.
Não se “nasce” resiliente, esta é uma caraterística fomentada a partir das várias interações que o indivíduo experiencia ao longo da vida, dentro dos diversos círculos em que está incluído – família, escola, cultura, meio social, etc.
A resiliência pode ser vista como uma interação complexa entre determinadas características dos indivíduos com o meio ambiente que os envolve.
Os 4 pilares da resiliência
Os “pilares da resiliência” atuam como forças em que o indivíduo se apoia para superar e resolver, de forma produtiva e eficaz, a situação adversa com que se confronta.
Estes pilares não são estáticos e variam consoante a identidade psicológica de cada pessoa. De forma geral, é possível identificar quatro forças principais:
1) Autoconfiança
Funciona como suporte para os seguintes. Neste ponto, é imprescindível que o indivíduo se conheça e se aceite, tendo claras na sua mente as metas que pretende atingir.
2) Proatividade
Capacidade de antecipar e desenvolver iniciativas. Importa que o indivíduo se desafie constantemente, aceitando as consequências positivas, mas também as negativas, retirando-lhes alguma lição.
3) Relacionamento interpessoal
Manutenção de uma atitude positiva nos relacionamentos. A empatia é um conceito-chave para este pilar, dado que a resiliência, como dito anteriormente, tem por base as relações e interações estabelecidas ao longo da vida de cada um.
4) Aprendizagem contínua
Recetividade, flexibilidade e perseverança são os três elementos que põem em prática o aperfeiçoamento das capacidades, traduzindo-se numa aprendizagem contínua.
Porquê ser resiliente?
Boris Cyrulnik[1] aborda a resiliência a partir de uma metáfora interessante:
Uma pérola é o resultado da reação da ostra à agressão de um grão de areia e, tal como a ostra tem a capacidade de transformar um áspero grão de areia em algo valioso, também o ser humano perante um acontecimento marcante e sofrido, poderá descobrir capacidades até então desconhecidas e revelar uma enorme força perante situações que à partida só poderiam conduzir à fraqueza.
Deste modo, a utilidade da resiliência na vida quotidiana é evidente, uma vez que nos permite retirar algo de bom de situações que, à partida, nos levariam ao insucesso.
Características das pessoas resilientes
O indivíduo resiliente concilia caraterísticas específicas, tais como uma boa autoestima, aptidão para encontrar aspetos positivos mesmo em situações desagradáveis, autonomia, empatia, capacidade de adaptação.
Consegue manter-se sereno em situações de stresse e pressão, e conserva uma relativa estabilidade emocional, não cedendo a impulsos. Regra geral, são pessoas otimistas, responsáveis e flexíveis.
[1] Boris Cyrulnik é um neurologista, psiquiatra e psicanalista. Foi um dos fundadores do Grupo de Etologia Humana e dirige um grupo de investigação na Faculdade de Medicina de Marselha. Parte da sua obra incide, precisamente, no estudo da resiliência, em particular com o livro “Resiliência: Essa Inaudita Capacidade de Construção Humana”.