Inteligência: emoção ou conhecimento?

Maria João CeitilManaging Director FranklinCovey PT | Head of Integrated Solutions Cegoc

Einstein disse: “O verdadeiro sinal de inteligência não é conhecimento, mas imaginação”. Por sua vez, Sócrates afirmou “eu sei que sou inteligente, porque sei que nada sei”.

Durante séculos, os filósofos tentaram identificar a verdadeira medida da inteligência. Mais recentemente, neurocientistas, psicólogos e teóricos das ciências do cérebro procuram desvendar os mistérios ocultos no nosso funcionamento neurológico, na procura de respostas sobre inteligência: o que torna alguns cérebros mais inteligentes que outros?

As pessoas inteligentes são melhores a armazenar e recuperar memórias? Ou talvez os seus neurónios tenham mais ligações, o que lhes permite combinar criativamente ideias diferentes?

Descobrir as redes neurológicas envolvidas na inteligência revelou-se uma árdua tarefa porque, ao contrário da memória ou das emoções, não existe um consenso sobre o que constitui a inteligência.

É amplamente aceite que existem diferentes tipos de inteligência - analítica, linguística, emocional, entre outras - mas psicólogos e neurocientistas discordam sobre se essas inteligências estão ligadas ou se elas existem independentemente umas das outras.

No século 20 surgiram três grandes teorias sobre inteligência.

A primeira foi proposta por Charles Spearman, em 1904, que reconheceu que existem diferentes tipos de inteligência, estando todos ligados. Spearman defendeu um fator de inteligência geral chamado "g" que, até hoje, ainda é bastante controverso.

Décadas mais tarde, em 1983, o psicólogo de Harvard Howard Gardner reviu a teoria de Spearman com a sua Teoria das Inteligências Múltiplas, em que estabeleceu oito tipos distintos de inteligência e afirmou que não é necessário haver ligação entre eles. Uma pessoa pode possuir uma forte inteligência emocional sem ser dotada de competências analiticas.

Mais tarde, em 1985, Robert Sternberg apresentou a sua Teoria Triárquica da Inteligência. De acordo com esta, as anteriores definições de inteligência eram muito restritas por se basearem unicamente em tipos de inteligências que podem ser avaliados num teste de QI. Sternberg acredita que os tipos de inteligência são divididos em três subconjuntos: analítico, criativo e prático.

Um dos mais discutidos e controversos tipos de inteligência é a emocional. O termo foi apresentado em 1989 por dois psicólogos: John Mayer, da Universidade de New Hampshire e Peter Salovey, da Universidade de Yale.

Inteligência emocional é a capacidade de entender, usar e gerir as suas próprias emoções de maneira positiva: para aliviar o stress, comunicar-se efetivamente, ter empatia com os outros, superar desafios e neutralizar conflitos. Também permite que nós consigamos reconhecer e entender o que os outros estão a vivenciar emocionalmente.

Na maioria das vezes, é um processo não-verbal que informa o pensamento e influencia a nossa maneira de nos relacionarmos connosco e com os outros.

Segundo Daniel Goleman, no seu livro Emotional Intelligence, publicado em 1995, a inteligência emocional é geralmente definida por quatro competências:

Autogestão

Capacidade de controlar sentimentos e comportamentos impulsivos. Permite a gestão das emoções de maneira saudável, ajudando na tomada de decisões e na adaptação a circunstâncias diferentes.
 

Autoconsciência

Capacidade de reconhece as próprias emoções e como estas afetam os pensamentos e comportamentos. Permite o reconhecimento dos nossos pontos fortes e áreas de melhoria e contribui para a autoconfiança.
 

Consciência social

Capacidade de entender sentimentos, emoções, necessidades e preocupações de outros através da captação de sinais emocionais.
 

Inteligência emocional
Gerir emoções disruptivas em situações de crise

Gestão de relacionamentos

Capacidade de desenvolver e manter bons relacionamentos. Permite que comuniquemos de forma clara, ajudando a inspirar e a influenciar os que nos rodeiam.

Vivemos numa sociedade que nos faz oscilar entre o conhecimento e a emoção, que nos exige elevados níveis de racionalidade, mas onde a gestão emocional dos desafios e das pessoas que nos rodeiam dita cada vez mais o nosso sucesso e a imagem que os outros constroem a nosso respeito. Pensar ou sentir…Pensar e sentir…eis a questão.

Para si… qual considera que seja a base da inteligência? Emoção ou conhecimento?

Escrito por

Maria João Ceitil

Detentora de uma vasta experiência como Consultora e Formadora nos domínios de Gestão de Recursos Humanos, Gestão da Performance Organizacional e Executive Coach.

Ao nível da formação superior, possui um Mestrado Integrado em Psicologia Clínica pelo Instituto Superior de Psicologia Aplicada (ISPA), um Mestrado em Gestão do Potencial Humano pelo Instituto Superior de Gestão (ISEG) e uma Pós-Graduação em Gestão dos Recursos Humanos, na Perspectiva da Gestão com as Pessoas, pela Universidade Lusófona.

Possui também diversas certificações e formações, nomeadamente a Certificação em Executive Coaching pela Escola Europeia de Coaching de Lisboa, a certificação em Dynamic Coaching pela Go4 Consulting e a Formação Pedagógica Inicial de Formadores pela CEGOC.

Saiba mais
newsletter image

Receba as nossas newsletters

Fique a par de todas as novidades que temos para si!

Subscreva aqui!