Fazer acontecer - liderar mais e gerir menos

Catarina CarvalhoStrategic Business Partner

Se existisse uma análise clínica ao sangue que permitisse testar se uma pessoa é ou não um líder seguramente que a generosidade seria um dos muitos marcadores a considerar. Ser ou chegar a líder pelos motivos certos implica diariamente dedicar a vida a uma equipa, a um grupo ou a uma organização. Com as pessoas e não apesar das pessoas. Este grau de otimização terá origem numa semente que permanece relativamente desconhecida. A escassa investigação neste âmbito específico não nos diz como ou quando este gatilho é acionado.

Se cedo ou tarde na vida, se resulta de educação ou formação inicial ou fruto de uma cultura vivida. Ainda assim este propósito maior de vida, esta predisposição para o ato de servir e até de partilhar assim como a mentalidade de abundância contraria as leis universais da natureza da sobrevivência humana, do poder.  Já o desenvolvimento desta competência de excelência só é possível através da experiência de aperfeiçoamento de, pelo menos, duas componentes críticas: ser-se inteligente ao nível das emoções e competência de eficácia cognitiva.

Ser ou não eficaz, ter um melhor desempenho é fortemente influenciado pela inteligência emocional. A nossa segurança psicológica encontra um meio mais nutritivo quando se trabalha para um líder emocionalmente inteligente, chega a ser verdadeiramente libertador. Mas trabalhar melhor implica também racionalidade, disciplina, método e rigor nas operações, nas ferramentas e nos processos. Porque afinal esperança não é estratégia e inspiração não é resultado.

Tim Clarke e Bruce Hazen desenvolveram uma framework de modelos de negócio para organizações, equipas e pessoas com base no trabalho realizado por Yves Pigneur.

Modelo de negócio para as organizações

O modelo de negócio para as organizações faz o mapeamento e otimiza as operações a nível macro e é composto por nove blocos principais:

  • Parceiros-chave: Incluem todas as entidades externas que colaboram com a empresa para realizar atividades essenciais ou fornecer recursos. Ajudam a otimizar processos, reduzir riscos e ter acesso a recursos que, de outra forma, seriam inatingíveis.
  • Atividades-chave: São as principais ações que a empresa deve realizar para criar e entregar valor aos clientes. Estas atividades podem incluir desenvolvimento de produtos, marketing, vendas e suporte ao cliente.
  • Propostas de Valor: Representam os benefícios que a empresa oferece aos seus clientes. Podem ser produtos ou serviços que resolvem problemas ou satisfazem necessidades, criando valor através de inovação, desempenho ou personalização.
  • Relações com o Cliente: Focam-se em como a empresa mantém e melhora a satisfação do cliente, seja através de suporte pós-venda, canais de comunicação dedicados ou programas de fidelização.
  • Segmentos de Cliente: Identificam os diferentes grupos de clientes que a empresa serve, permitindo uma segmentação eficaz e o desenvolvimento de ofertas específicas para cada grupo.
  • Canais: Referem-se aos meios pelos quais a empresa alcança os seus clientes, desde a publicidade e vendas até a entrega do produto ou serviço.
  • Recursos-chave: Incluem todos os ativos necessários para criar e entregar a proposta de valor, como tecnologia, capital humano e infraestruturas.
  • Custos: Envolvem todas as despesas necessárias para operar o negócio, desde a produção até a entrega, passando por marketing e vendas.
  • Receitas: São as fontes de rendimento da empresa, provenientes de vendas de produtos ou serviços, subscrições, licenças, etc.
Leader of the future
Transforme-se hoje no líder do amanhã

Modelo de negócios para equipas

O modelo para equipas é uma extensão do modelo organizacional. Foca-se na dinâmica interna e na eficácia colaborativa. Aborda como as equipas funcionam e como cada membro contribui para o sucesso coletivo. O objetivo é evitar o isolamento e promover uma visão partilhada e coesa.

  • Atribuição de Papéis: Define claramente as responsabilidades de cada membro, alinhando as suas competências com as necessidades da equipa.
  • Comunicação e Colaboração: Enfatiza a importância de canais de comunicação abertos e eficazes, promovendo a cocriação e a inovação contínua.
  • Desempenho e Feedback: Estabelece métricas de desempenho claras e sistemas de feedback contínuo para melhorar a produtividade e o envolvimento.
Liderança e gestão de equipas
Liderança para quadros, responsáveis e técnicos superiores

Modelo para uso pessoal

Por último, o modelo para uso pessoal ajuda os colaboradores a alinhar as suas carreiras com os objetivos pessoais e profissionais. É uma ferramenta poderosa para o desenvolvimento de carreira, permitindo aos indivíduos mapear as suas competências, identificar oportunidades de crescimento e maximizar a satisfação no trabalho.

  • Identidade e Propósito: Ajuda a definir o que motiva o indivíduo, as suas paixões e objetivos de carreira.
  • Competências e Recursos: Mapeia as habilidades, experiências e recursos disponíveis, ajudando na identificação de áreas de desenvolvimento.
  • Networking e Visibilidade: Encoraja a construção de redes de contatos e a visibilidade no mercado, essenciais para o crescimento profissional.
  • Gestão de Benefícios e Custos: Analisa os benefícios e custos associados à carreira, desde remuneração até qualidade de vida e equilíbrio trabalho-vida.
Liderança Inclusiva
Práticas para Cultivar a Inclusão e Construir Melhores Equipas

A utilização destas ferramentas permite globalmente explorar como funcionam (realmente) as organizações: compreender se as pessoas estão mais focadas em cargos ou em papéis, se as equipas compreendem diariamente o que têm de fazer e quão autónomos são. O objetivo é alargar a perspetiva sobre os problemas. A maturidade e o compromisso com que este trabalho é feito irá naturalmente provocar questões mais profundas: como se relacionam as pessoas entre si? Confia em si enquanto líder? A sua equipa confia em si? Quão autênticos são? Qual é a visão que o seu líder tem de si? Como é que o seu líder o faz sentir? Como é que as suas ações afetam as outras pessoas? Com que frequência faz um exercício de autoconsciência e empatia?

A capacidade de demonstrar liderança e/ou de a desenvolver nos outros, de saber fazer as perguntas certas, de ajudar as pessoas a encontrar o seu lugar na organização e tornarem-se produtivos é uma arte. Não há receitas milagrosas. Implica pensar de maneira diferente e não ser apanhado em soluções fáceis e banais. É um teste à resiliência e à coragem de querer deixar um mundo melhor do que encontrámos.

Escrito por

Catarina Carvalho

Na Cegoc desde 2019 como Strategic Business Partner e Executive Director da Luanda Business School em Angola. Tem como missão apoiar os Líderes das organizações na transformação e crescimento das suas equipas e do seu negócio através de uma capacidade de resposta abrangente e integrada nas principais áreas de Gestão e Desenvolvimento de Pessoas. Licenciada pela Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra, com Pós-Graduação em Gestão da Formação. É também certificada pelo MIT (Massachusetts Institute of Technology) Professional Education em No Code Artificial Intelligence and Machine Learning: Building Data Science Solutions Program, pela Sales Academy da Franklin Covey, pela Huthwaite Internacional em Spin Selling Skills e em Account Strategy for Major Sales, pela Cegos em Leader of the Future, em Selling International, International Business Boosters e Marketing, Meeting Offer (MMO) e Consultora Certificada em diversas soluções FranklinCovey.
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